No dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a emergência causada pelo coronavírus atingiu o patamar de uma pandemia. Nas duas semanas anteriores àquela data, o número de casos de Covid-19 fora da China havia aumentado 13 vezes e o número de países afetados havia triplicado. No momento da declaração, o mundo contabilizava 118 mil casos e 4.291 mortes em pelo menos 114 países. “A OMS tem avaliado esse surto o tempo todo e estamos profundamente preocupados com os níveis alarmantes de disseminação e gravidade e com os níveis alarmantes de inação. Portanto, avaliamos que a Covid-19 pode ser caracterizada como uma pandemia”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, em comunicado à imprensa nesta mesma data três anos atrás. À época, a OMS foi criticada pela demora em declarar a emergência global como uma pandemia. “Pandemia não é uma palavra para usar levianamente ou descuidadamente. É uma palavra que, se mal utilizada, pode causar medo irracional ou aceitação injustificada de que a luta acabou, levando a sofrimento e morte desnecessários. Descrever a situação como uma pandemia não altera a avaliação da OMS sobre a ameaça representada por esse vírus. Não muda o que a OMS está fazendo e não muda o que os países devem fazer”, afirmou Adhanom. Lições da pandemia No início de 2020, o mundo ainda não tinha ideia de como um vírus novo, capaz de provocar uma doença até então desconhecida em humanos, poderia trazer impactos significativos para os sistemas de saúde de diversos países. O SARS-CoV-2 expôs fragilidades do mercado global em saúde. Logo nos primeiros meses da pandemia, uma competição entre os países acirrou a busca por equipamentos de proteção individual (EPIs), como máscaras, luvas e toucas médicas, além da corrida por respiradores. O cenário se agravou com a concentração de cerca de 90% da produção global de EPIs pela China, que decretou medidas rígidas de restrição e lockdown em grandes metrópoles, prejudicando a produção e exportação dos produtos. O sanitarista Gonzalo Vecina, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e ex-diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), avalia que o enfrentamento à pandemia destacou a importância do investimento em saúde pública. "Acho que a principal lição que a pandemia deixou é a da importância de ter um sistema de atenção à saúde de base universal e financiado com recursos públicos. Essa noção de que a saúde é um bem público e, por isso, deve ser responsabilidade do Estado oferecer um sistema de atenção à saúde. Acho que esse foi o principal legado deixado pela pandemia". Gonzalo Vecina, sanitarista e professor da USP https://www.cnnbrasil.com.br/saude/tres-anos-de-covid-19-como-podemos-chegar-ao-fim-da-pandemia/
No dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a emergência causada pelo coronavírus atingiu o patamar de uma pandemia. Nas duas semanas anteriores àquela data, o número de casos de Covid-19 fora da China havia aumentado 13 vezes e o número de países afetados havia triplicado. No momento da declaração, o mundo contabilizava 118 mil casos e 4.291 mortes em pelo menos 114 países. “A OMS tem avaliado esse surto o tempo todo e estamos profundamente preocupados com os níveis alarmantes de disseminação e gravidade e com os níveis alarmantes de inação. Portanto, avaliamos que a Covid-19 pode ser caracterizada como uma pandemia”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, em comunicado à imprensa nesta mesma data três anos atrás. À época, a OMS foi criticada pela demora em declarar a emergência global como uma pandemia. “Pandemia não é uma palavra para usar levianamente ou descuidadamente. É uma palavra que, se mal utilizada, pode causar medo irracional ou aceitação injustificada de que a luta acabou, levando a sofrimento e morte desnecessários. Descrever a situação como uma pandemia não altera a avaliação da OMS sobre a ameaça representada por esse vírus. Não muda o que a OMS está fazendo e não muda o que os países devem fazer”, afirmou Adhanom. Lições da pandemia No início de 2020, o mundo ainda não tinha ideia de como um vírus novo, capaz de provocar uma doença até então desconhecida em humanos, poderia trazer impactos significativos para os sistemas de saúde de diversos países. O SARS-CoV-2 expôs fragilidades do mercado global em saúde. Logo nos primeiros meses da pandemia, uma competição entre os países acirrou a busca por equipamentos de proteção individual (EPIs), como máscaras, luvas e toucas médicas, além da corrida por respiradores. O cenário se agravou com a concentração de cerca de 90% da produção global de EPIs pela China, que decretou medidas rígidas de restrição e lockdown em grandes metrópoles, prejudicando a produção e exportação dos produtos. O sanitarista Gonzalo Vecina, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e ex-diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), avalia que o enfrentamento à pandemia destacou a importância do investimento em saúde pública. "Acho que a principal lição que a pandemia deixou é a da importância de ter um sistema de atenção à saúde de base universal e financiado com recursos públicos. Essa noção de que a saúde é um bem público e, por isso, deve ser responsabilidade do Estado oferecer um sistema de atenção à saúde. Acho que esse foi o principal legado deixado pela pandemia". Gonzalo Vecina, sanitarista e professor da USP https://www.cnnbrasil.com.br/saude/tres-anos-de-covid-19-como-podemos-chegar-ao-fim-da-pandemia/
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